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Hábitos alimentares

  • avesdaminharioclar
  • 3 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

As aves apresentam diversas estratégias para obter alimento. Existem aves com hábitos generalistas, ou seja, consomem uma variedade de itens alimentares e outras com hábitos restritos. Essa semana vamos conhecer os hábitos alimentares de algumas espécies de aves brasileiras. Vale ressaltar que muitas das espécies exemplificadas nos textos se alimentam de outros itens, porém os hábitos citados compõem a maior parte de sua dieta. 

Detritívoros/necrófagos: são aves que se alimentam de carcaças de animais mortos. Em áreas urbanas algumas espécies se destacam por alimentarem-se de lixo orgânico. Para que não adoeçam ao ingerir restos orgânicos de animais, os necrófagos apresentam adaptações para combater efeitos patógênicos de microrganismos e intoxicações. Urubus, por exemplo, secretam suco gástrico muito ácido para neutralizar ou atenuar possíveis toxinas e microrganismos presentes na carne putrefata.  

É extremamente importante a conservação dessas espécies, pois elas têm papel fundamental na decomposição da matéria orgânica nos ecossistemas, o quê, para o homem, resulta na diminuição da disseminação de uma série de doenças. 

O ornitólogo Carlos Gussoni fotografou um Carcará (Caracara Plancus) no momento em que se alimentava de uma capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) morta. 


Foto: Carlos Gussoni

Piscívoros: são aves que têm como base da sua alimentação os peixes. Essas espécies vivem, normalmente, próximas a corpos d’água e estão entre as chamadas “aves aquáticas” por dependerem da água para se alimentar. Elas possuem algumas adaptações para se alimentar de peixes. As garças, por exemplo, possuem o pescoço bem longo que, associado ao bico também longo, reto e pontiagudo, auxiliam no processo de captura. Garças, martins-pescadores e socós são comumente encontrados em lagos e riachos nas cidades. 

Imagem 1: um martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona) com um peixe que havia acabado de pegar. Tirada por: Guilherme Canassa 

Imagem 2: um indivíduo de garça-moura (Ardea cocoi) engolindo um peixe. Tirada por: Luiz Carlos Ramassotti


Nectarívoros: são aves que se alimentam do néctar presente nas flores. As espécies nectarívoras forrageiam1 nas plantas com flores abertas, e possuem diferentes tamanhos e formatos de bico, adaptados às diferentes espécies de flores das quais se alimentam. O formato do bico é fundamental para possibilitar o alcance do nectário (parte da flor onde o néctaré produzido). 

1Forragear: é o processo de busca por alimento. 

Imagem 1: bico-reto-da-banda-branca (Heliomaster squamosus) buscando o néctar de uma flor. Tirada por: Luiz Carlos Ramassotti 

Imagem 2: cambacica (Coereba flaveola). Tirada por Luiz Carlos Ramassotti 


Insetívoros: são aves que se alimentam de insetos que capturam no ar, na vegetação ou no chão. Esses animais costumam ter adaptações na língua e no bico: podem ter o bico achatado e largo na base, facilitando a captura dos insetos em voo; podem ter o bico em formato de pinça, ou até com a ponta em formato de gancho, o que facilita apresamento dos insetos capturados. As vibrissas, por exemplo, são plumas localizadas na altura do bico, que atuam como órgãos sensoriais, para facilitar a manipulação e captura das presas. Essas vibrissas são bastante importantes para animais noturnos. Um exemplo interessante é o do bacurau (Nyctidromus albicollis), que se alimenta durante a noite, voando com o bico aberto consegue se alimentar de muitos insetos. Alimentar-se de insetos tem vantagens, pois as populações de insetos são bem distribuidas, e proporcionam uma grande quantidade de proteína.Por outro lado, os insetos podem requerem grande tempo para serem encontrados e podem ser de difícil captura. 

Imagem 1: um indivíduo de gibão-de-couro (Hirundinea ferruginea) com um inseto no bico, aparentemente uma mariposa.  Tirada por Luiz Carlos Ramassotti 

Imagem 2: um indivíduo de joão-de-barro (Furnarius rufus) com um inseto no bico, e seu filhote atrás, pedindo alimento. Tirada por Lucas Almeida

Onívoros: são aves que se alimentam de diversas fontes alimentares, animais ou vegetais. Esses animais podem se alimentar do que estiver sazonalmente abundante, o que traz vantagens, pois permite a mudança da dieta quando algum alimento se torna escasso. As aves onívoras estão entre as que melhor se adaptam à vida nas cidades, como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus).  

Imagem 1: um indivíduo de bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) se alimentando do que parece ser um fruto. 

Imagem 2: outro indivíduo de bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) se alimentando do que parece ser uma larva. 

Ambas as fotos foram tiradas por Luiz Carlos Ramassotti. 


Carnívoros: são aves que se alimentam de vertebrados. Algumas classificações incluem os piscívoros como carnívoros, pois também são predadores de vertebrados. Assim como os piscívoros, os carnívoros possuem adaptações para auxiliar na caça de suas presas. As aves de rapina por exemplo, possuem bicos curvos e pontiagudos, garras fortes e afiadas e visão de longo alcance para localizar possíveis presas. 

Na imagem é possível ver dois indivíduos de falcão-de-coleira (Falco femoralis) após abaterem um animal.

Foto: Carlos Gussoni

Frugívoros: São as aves que consomem frutos sem danificar a semente. As interações entre essas aves e plantas que produzem frutos traz benefício para ambos. O frugívoro se beneficia da parte comestível do fruto e a planta terá sua semente dispersada, que após ser consumida pela ave será regurgitada ou defecada em locais onde a semente poderá eventualmente se desenvolver. 

O estudante de Ecologia Rodrigo Missano foi preciso em registrar um tucano-toco (Ramphastos toco) alimentando-se de um fruto de palmeira-jussara (Euterpe edulis).

Foto: Rodrigo Missano

Granívoros: são aves que se alimentam de sementes. Essas aves contam com um bico cônico forte capaz de quebrar sementes e a casca rígida de certos frutos. O papo armazena o alimento, que posteriormente segue para o estômago das aves. As aves granívoras em geral moelas mais rígidas e musculosas do que outras aves. Na ausência de dentes, a moela serve para triturar com mais eficiência alimentos de difícil digestão.

Na imagem é possível observar o bigodinho (Sporophila lineola) se alimentando do que parece ser o fruto de uma gramínea.

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