Pantanal

Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já são quase 20 mil focos de queimadas no Pantanal no ano de 2020¹. Os impactos provocados pelo fogo descontrolado no bioma podem causar danos irreversíveis para a sua biodiversidade. Sendo assim, durante essa e a próxima semana vamos conhecer um pouco sobre o bioma Pantanal, apresentaremos alguns elementos geográficos, a importância da fauna e flora e algumas espécies de aves ocorrentes no bioma.

O Pantanal está localizado na região central da América do Sul em áreas dos Estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, na Bolívia e no Paraguai. O bioma é caracterizado por uma das maiores planícies sujeitas a inundações periódicas do mundo e sua topografia é essencialmente plana, com poucas variações de altitude (Figura 1). O bioma faz fronteira com a Floresta Amazônica ao norte e com o platô do Brasil central a leste. Essa faixa de contato com outros biomas promove a ocorrência de uma alta diversidade de organismos, e seu regime de inundações periódicas ocasiona fortes interações entre ecossistemas terrestres e aquáticos².

Figura 1: Mapa hipsométrico do bioma Pantanal (Pereira et al. 2012).

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As inundações ocorrentes no Pantanal aumentam o volume das águas dos rios e podem alagar áreas secas. Esse processo anual de cheias e vazões criam um mosaico de paisagens que sustenta uma variedade de organismos. A biodiversidade do bioma é alta e extremamente dinâmica devido as mudanças periódicas decorrentes dos ciclos de inundações. Algumas espécies de aves migratórias usufruem anualmente dos recursos naturais abundantes em épocas de cheias. Muitos indivíduos de colhereiros (Platalea ajaja) (Figura 1) e cabeça-seca (Mycteria americana) (Figura 2) realizam deslocamentos regionais, acompanham anualmente as inundações e migram conforme as subidas e descidas das águas do Pantanal.

Figura 1: Colhereiro (Platalea ajaja)

Foto: Carlos Gussoni

Figura 2: Cabeça-seca (Mycteria americana)

Foto: Carlos Gussoni

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Ave símbolo do Pantanal!

Podendo chegar a 1,60 metros de altura e 3 metros de envergadura, o tuiuiú (Jabiru mycteria) é uma ave que chama a atenção pelo seu tamanho e suas cores, especialmente o pescoço nu de cor preta com uma mancha vermelha no papo. Vive em margens de rios e lagos, ou áreas úmidas, alimentando-se de peixes, moluscos, répteis, insetos e pequenos mamíferos. Uma curiosidade é que pode se alimentar de peixes mortos, o que evita a putrefação destes animais nos rios na época de seca. Sua reprodução ocorre no período de baixo nível das águas, e seus ninhos são conhecidos por serem as maiores estruturas construídas por aves no Pantanal.

Foto: Luis Carlos Ramassotti

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A ema (Rhea americana) é uma ave encontrada em campos naturais e cerrados, e é considerada a maior espécie de ave do Brasil. Têm o pescoço e as pernas longas e os machos diferenciam-se das fêmeas por apresentarem a região anterior do peito e pescoço de cor preta. É uma espécie onívora, ou seja, se alimente de uma variedade de alimentos. Uma curiosidade é que esses animais ingerem certa quantidade de pequenas pedras que ajudam a trituração dos alimentos. O macho é o responsável pela produção do ninho e cuidado com os ovos, além de cuidar dos filhotes.

Foto: Carlos Gussoni

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Considerada a maior espécie do seu gênero, o aracuã-do-pantanal (Ortalis canicollis) é muito conhecido pela sua vocalização ao amanhecer e no final da tarde, formando duetos que se espalham por toda a região. É comum esse canto ser descrito como “quero matar” (macho) e “quero casar” (fêmea) pela população. Alimentam-se de folhas, frutos, sementes e flores, e até lagartas. Reproduzem-se no início das chuvas, construindo seus ninhos com galhos, cipós e folhas, formando uma plataforma. São encontrados em matas ciliares, matas de galeria, palmares, bacurizais, cerradão e matas secas. No Pantanal são muito comuns; só não são encontrados em campos e cerrados sem mata.

Foto: Carlos Gussoni

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O papagaio, ou papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é uma ave da família Psittacidae, encontrada em quase todo o Brasil, inclusive no Pantanal, assunto aqui abordado nos últimos dias. Esses animais alimentam-se de sementes e frutos, constroem seus ninhos em buracos de rochas, barrancos e ocos de árvores, e habitam florestas úmidas, savanas, florestas de galeria e matas com palmeiras. São encontrados aos casais ou em bando. Um fato preocupante é que a espécie é muito buscada pelo humano como animal de estimação, por possuir a capacidade de imitar sons como o da fala. Isso se tornou um problema grave de comércio ilegal desses animais, o que pode levar à extinção da espécie.

Foto: Luis Carlos Ramassotti

Referências

¹INPE. Banco de Dados de queimadas. Disponível em: http://www.inpe.br/queimadas/bdqueimadas. Acesso em: 08/10/2020.

²PEREIRA, Gabriel; CHÁVEZ, Eduardo Salinas; SILVA, Maria Elisa Siqueira. O estudo das unidades de paisagem do bioma Pantanal. Ambiente & Água-An Interdisciplinary Journal of Applied Science, v. 7, n. 1, p. 89-103, 2012.