Visitante de inverno - Interior de São Paulo
- avesdaminharioclar
- 22 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Durante o período do ano em que as temperaturas caem significativamente, algumas espécies de aves deslocam-se da região sul para a região sudeste, outras da região sudeste rumo ao norte e nordeste do Brasil. Esse movimento é conhecido como Migração Austral. O motivo desse deslocamento ainda é incerto, mas pesquisadores acreditam que essas espécies estão em busca de maior abundância de alimentos onde a temperatura é mais amena.
Essa semana conheceremos algumas espécies de aves da região sul que visitam o interior de São Paulo durante os meses de março a setembro.
Vamos começar com dois visitantes pequenos e muito ágeis. Beija-flores!!!
A) O Beija-flor-de-papo-branco (Leucochloris albicollis) mede cerca de 10 centímetros. Tem manchas brancas no pescoço e peito, separadas por uma faixa verde. A espécie não apresenta dimorfismo sexual, ou seja, macho e fêmea são iguais.
Aparecem no interior de São Paulo nos meses de maio até agosto, em busca de néctar de flores e pequenos insetos. Após esse período retornam para a região de origem.
O Bico-reto-azul (Heliomaster furcifer) mede cerca de 13 centímetros. Seu bico longo é uma característica notável da espécie e, diferente do Beija-flor-de-papo-branco, a espécie possui dimorfismo sexual. Os machos têm duas plumagens durante o ano. Durante os meses de outubro a julho apresentam plumagem nupcial. A coroa (parte superior da cabeça) até o manto superior da ave é verde esmeralda, a garganta é rosa cercada de plumagem azul escuro. Após a época reprodutiva, o macho adquire a plumagem de descanso, troca suas penas com cores brilhantes, o que deixa a ave com um tom acinzentado, parecido com a plumagem da fêmea. Aparecem no interior de São Paulo nos meses de junho e julho.

Fotos: Carlos Gussoni (A), Luiz Carlos Ramassotti (B).
O Príncipe (Pyrocephalus rubinus) mede cerca de 14 centímetros. A espécie apresenta dimorfismo sexual, ou seja, os machos têm cores diferentes das fêmeas. O ventre e a coroa do macho é vermelho vivo e contrasta com um dorso escuro. Duas faixas escuras atrás dos olhos reforçam o contraste de sua plumagem reprodutiva. Para cortejar a fêmea, o macho realiza uma exibição aérea e emite uma vocalização característica. Após o período reprodutivo, os machos adquirem a plumagem de eclipse, uma troca temporária das cores. O macho perde as cores brilhantes e fica parecido com a fêmea, que tem o ventre cinza claro com estrias escuras e a barriga pode variar entre cores alaranjadas, amareladas ou avermelhadas. Os estudos das plumagens da espécie no sudeste brasileiro é pouco esclarecedor até o momento. Portanto, no período de visita dessas espécies no interior de SP, é possível observar machos com plumagens reprodutivas e de eclipse. Eles visitam o interior de São Paulo do fim de abril até setembro.

Foto: Carlos Gussoni (Macho) e Guilherme Canassa (Fêmea).
Nos meses de junho e julho é possível avistar uma espécie de sabiá pouco comum no interior de São Paulo, o Sábia-coleira (Turdus albicollis), ave com cerca de 22 centímetros. Todos os indivíduos têm a garganta listrada e logo abaixo apresenta um “colar branco”, costas marrom-oliva e mandíbula e pálpebras amarelas. A parte ventral varia de branco na região da barriga a ferrugínea na região abaixo das asas. A espécie apresenta um leve dimorfismo sexual, sendo a fêmea maior que o macho.
A distribuição geográfica do Sabiá-coleira é ampla, ocorre em todas as regiões brasileiras, com registros mais frequentes nas regiões sul e sudeste do Brasil, de acordo com e-Bird e Wiki Aves.

Foto: Carlos Gussoni.
Com cabeça pequena e bico grosso, o azulinho (Cyanoloxia glaucocaerulea) mede cerca de 14,5 centímetros. A espécie possuí dimorfismo sexual, ou seja, macho e fêmea são diferentes na coloração. Os machos adultos são azuis, com maior brilho na região da testa e do uropígio (região próxima ao início das penas da cauda). As fêmeas e os indivíduos jovens possuem o dorso marrom e o ventre marrom mais claro. Durante o crescimento dos jovens machos, as cores azuis aparecem aos poucos até adquirirem uma plumagem azul definitiva. O bico grosso é próprio para quebrar sementes, o alimento principal da espécie.

Foto: Carlos Gussoni.
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